Estive ausente. A minha vida deu uma volta de 180º e nestes meses, já estive desempregado, a trabalhar numa loja de fast-food e agora, penso que de novo a encarrilhar os eixos. A verdade é que quando é a nossa vida que descarrila tudo o que se passa no mundo à nossa volta deixa de ter o significado real porque nos preocupamos mais connosco. Instinto de sobrevivência, diria.
Por falar em sobrevivência, duas coisas me passaram pela cabeça hoje ao ler a capa da Corrier Internacional, quando parei para o café matinal, e uma das noticias do
Expresso.
Cada vez mais se pensa no ensino superior. O governo promove isso com o acesso cada vez mais facilitado, diria que por vezes ridiculo às universidades e estas cada vez menos promovem um ensino de qualidade. Cada vez se dá mais primasia ao tecnicismo e descura-se o humanismo. Já ninguém se importa com as coisas básicas e realmente importantes, toda a gente pretende produzir sem saber se de facto o que produz é o mais relevante para a sociedade em que está inserido, erro, toda a gente pretende fazer dinheiro, não produzir.
Assim, chegamos ao ponto de um país, que até à poucos anos era essencialmente agricola, não conseguir sequer produzir para suprir as suas necessidades. Faz-me alguma confusão não se aproveitarem os recursos. Faz-me alguma confusão ver os campos abandonados e ver que onde os nossos não produzem, os estrangeiros conseguem produzir. Faz-me alguma confusão que se fique à mercê dos subsidios do estado para produzir, assim como me fazem confusão as quotas de produção.
Os maiores produtores mundias sofreram alguns desastres naturais. O preço dos produtos alimentares vai subir. Se já andamos com a corda ao pescoço ela agora vai apertar num local muito mais delicado, a alimentação. Será que é agora que a nossa gente se apercebe que não podemos continuar sem rumo, sem projectos válidos, sem estratégias de futuro, só à espera que alguém faça por nós, ou que nos metam as mãos ao bolso e nós a fingirmos que não vemos só para não termos que tomar uma atitude?